A Roubini ThoughtLab escolheu seis cidades (Lagos, Bangkok, São Paulo, Tóquio, Chicago e Estocolmo) para avaliar de forma mais detalhada. O critério de seleção foi o fato de elas representarem níveis diferentes de maturidade quanto aos pagamentos digitais e, a partir daí, foram classificadas como Centradas em Dinheiro em Espécie, em Transição Digital, em Amadurecimento Digital, Digitalmente Avançadas ou Líderes Digitais. São Paulo ganhou protagonismo por ter sido escolhida para exemplificar as cidades “Em Amadurecimento Digital”, mesmo patamar em que Brasília se encontra.
Confira os destaques das cidades brasileiras estudadas:
São Paulo
- Segundo o relatório, se toda a população da capital paulista alcançasse o mesmo nível dos 10% com maior utilização dos pagamentos eletrônicos, os benefícios líquidos somados seriam maiores que US$ 11 bilhões.
- Esse valor estaria distribuído da seguinte maneira: consumidores (somados) se beneficiariam com mais de US$ 1 bilhão por ano, os estabelecimentos comerciais seriam beneficiados em US$ 7 bilhões e seriam mais de US$ 3 bilhões para o governo local.
- Além disso, no cenário estudado, em 15 anos, São Paulo registraria um aumento de 0,23% no PIB por ano e 106 mil novos postos de empregos formais.
- As empresas gastam, em média, 2% de sua receita por mês com o recebimento de pagamentos não digitais. Essa percentagem aumenta para 3% em algumas cidades, como São Paulo.
- As empresas nas seis cidades analisadas perdem, em média, o equivalente a 4% de suas receitas devido a roubos, dinheiro falso e falta de fundos na caixa registradora. Apesar de serem menores em cidades de mercados desenvolvidos, como Chicago (1%) e Tóquio (2%), esses valores podem ser significativamente elevados em cidades de mercados emergentes, como São Paulo (9% cada).
- Em São Paulo, as empresas de pequenos, médios e grandes portes tiveram ganhos substanciais quando passaram a aceitar pagamentos digitais, 51%, 30% e 27%, respectivamente.
- Os consumidores de São Paulo registraram um pagamento médio anual de encargos por atraso de pagamento de US$ 15, respectivamente. Em Tóquio, cerca de 7% dos consumidores pagam taxas, enquanto em São Paulo esse número supera 45%. Se a utilização dos pagamentos digitais em São Paulo aumentasse, essa média cairia para 27% e a cidade poderia registrar uma redução anual superior a US$ 7 per capita em tais encargos.
Brasília
- Já na Capital Federal, se toda a população alcançasse o mesmo nível de utilização dos pagamentos digitais que os 10% que mais utilizam possuem, os benefícios somados seriam maiores que US$ 2 bilhões.
- Desse total, US$ 1,4 bilhão iriam para os estabelecimentos comerciais, US$ 0,5 bilhão seriam destinados para o governo e US$ 0,2 bilhão para os consumidores da cidade.
- O PIB em Brasília cresceria, em 15 anos, o equivalente a 0,27% por ano e seriam abertas mais de 20 mil vagas formais de emprego.
Sobre as 100 cidades estudadas
O relatório estima benefícios imediatos e de longo prazo decorrentes da redução do uso do dinheiro em espécie para três grandes grupos – consumidores, empresas e governos. Segundo o estudo, a soma desses benefícios poderia chegar a cerca de US$ 470 bilhões em benefícios líquidos diretos nas 100 cidades analisadas:
- Os benefícios líquidos diretos estimados para os consumidores das 100 cidades poderiam chegar a quase US$28 bilhões por ano. Esse impacto é resultado de uma série de fatores, entre os quais as 3,2 bilhões de horas que eles deixariam de gastar fazendo transações em bancos, no varejo e nas redes de transporte público, e a redução de crimes relacionados ao porte de dinheiro em espécie.
- Os benefícios líquidos diretos estimados para as empresas das 100 cidades poderiam superar os US$312 bilhões por ano. Esse impacto resultaria de uma série de fatores, entre os quais as cerca de 3,1 bilhões de horas que as empresas deixariam de gastar processando os pagamentos recebidos e efetuados, além do aumento de receita resultante do aumento da base de clientes nas lojas físicas e on-line. O estudo constatou também que a aceitação de dinheiro e cheques custa às empresas 7 centavos por cada dólar recebido, contra 5 centavos por dólar coletado de meios digitais.
- Os benefícios líquidos diretos estimados para os governos das 100 cidades poderiam chegar a quase US$130 bilhões por ano. Esse impacto resultaria de uma série de fatores, entre os quais, o aumento na arrecadação fiscal, o maior crescimento econômico, as economias resultantes do ganho de eficiência administrativa e a redução nos custos com processos criminais devido à queda nos crimes relacionados ao porte de dinheiro em espécie.
“Este estudo demonstrou que existem vantagens substanciais para consumidores, empresas e governos à medida que as cidades aumentam a adoção de pagamentos digitais”, diz Gustavo Noman, diretor de Relações Governamentais da Visa. “Os benefícios para as sociedades que substituem os pagamentos em dinheiro pelos digitais são elevação do crescimento econômico, queda da criminalidade, aumento do nível de emprego, alta de salários e aumento da produtividade dos trabalhadores”.
À medida que as cidades adotam o uso de pagamentos digitais, os impactos positivos podem ir além dos benefícios financeiros para consumidores, empresas e governos. A migração também pode ter um efeito catalisador no desempenho econômico geral da cidade, como crescimento do PIB, dos empregos, salários e da produtividade – como mostrado nos números acima destacados.
“O uso de tecnologias digitais – de smartphones e wearables à inteligência artificial e carros sem motoristas – está transformando rapidamente a forma como os moradores de uma cidade fazem compras, viajam e vivem”, diz Lou Celi, presidente da Roubini ThoughtLab. “Sem uma boa base para os pagamentos eletrônicos, as cidades não conseguirão alcançar integralmente seu futuro digital, aponta nossa análise”.
O estudo “Cidades sem dinheiro em espécie: Compreendendo os benefícios dos pagamentos digitais” oferece 61 recomendações para os formuladores de políticas públicas ajudarem suas cidades a ganhar eficiência com o aumento da adoção de pagamentos digitais. Entre elas estão: conduzir programas de educação financeira para ajudar a aumentar a inclusão bancária e estimular a inovação focada no uso de novas tecnologias de pagamento.
A Visa e a Roubini Thoughtlab criaram uma ferramenta de visualização de dados on-line para acompanhar o estudo “Cidades sem dinheiro em espécie: Compreendendo os benefícios dos pagamentos digitais”. Usando essa ferramenta, é possível aumentar ou reduzir o nível de uso de pagamentos digitais em cada uma das 100 cidades incluídas para explorar melhor os benefícios de um mundo menos dependente do dinheiro em espécie. Acesse o relatório completo e visualize a plataforma no site: www.visa.com/cashlesscities
METODOLOGIA
Em 2016, a Roubini Thoughtlab, uma empresa líder em pesquisa baseada em dados econômicos e evidências, entrevistou 3.000 consumidores e 900 empresas em seis cidades (Tóquio, Chicago, Estocolmo, São Paulo, Bancoc e Lagos) que representam diferentes níveis de maturidade dos pagamentos digitais. Essas pesquisas examinaram o impacto do uso, da aceitação e do custo-benefício do dinheiro físico e digital. Na sequência, os pesquisadores extrapolaram os resultados da pesquisa com base nos dados demográficos e econômicos específicos de outras 94 cidades do mundo para determinar o impacto líquido da migração para uma economia sem pagamentos em dinheiro físico nos consumidores e empresas de cada localidade. Por meio de outras fontes, a pesquisa conseguiu identificar também os impactos esperados no governo. Os pesquisadores usaram fontes conceituadas de dados secundários, como o Banco Mundial, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entre outras, para expandir os resultados da pesquisa e desenvolver as conclusões da pesquisa. Um modelo econométrico adotado por vários bancos centrais e outras instituições chamado National Institute Global Econometric Model (NiGEM) foi usado para estimar os impactos “catalisadores” (crescimento econômico, produtividade, nível de emprego e salários) que a migração para pagamentos digitais teria nas 100 cidades analisadas. O estudo foi encomendado pela Visa. A Roubini Thoughtlab conduziu os levantamentos de forma independente, gerenciou a pesquisa e desenvolveu a análise.