Fintechs na América Latina: não existe um modelo perfeito para todas
Dependendo das manchetes que lemos, as perspectivas gerais para as fintechs na América Latina e Caribe continuam mistas, impulsionadas por esfriamentos do mercado, rodadas erráticas de financiamento e fechamento de negócios em 2022. Mas, para além dos rumores, não há como negar que fintechs, facilitadores e outros inovadores de pagamento mudaram as regras do jogo, simplificando a forma como as pessoas pagam e movimentam fundos, reimaginando como as empresas gerenciam suas finanças e influenciando praticamente todos os aspectos da economia global. As fintechs impactaram também o comportamento do consumidor, elevando suas expectativas e estabelecendo a preferência pelo pagamento digital em quase todas áreas do dia a dia.
Isso é especialmente verdade na América Latina e Caribe, região que continua sendo um terreno fértil para a inovação. A revolução digital que vivemos nos últimos anos tomou a região de assalto, promovendo a ampla adoção da Internet – em alguns casos, acima da média mundial – e mais acesso a celulares e smartphones. No entanto, as populações continuam em grande parte fora do sistema bancário e, como se costuma dizer, aqui o dinheiro ainda é rei. Porém, essa justaposição é precisamente a oportunidade que as fintechs e outros inovadores de pagamento estão (e continuarão) aproveitando para alcançar as massas, facilitar e ampliar o acesso e, em última análise, aumentar a inclusão financeira.
Oportunidades para as fintechs na região
Essas perspectivas não tão animadoras ainda podem ser vistas como oportunidades e isso acontece porque não existe um modelo que sirva perfeitamente para todos. Tomemos como exemplo o ano passado: o financiamento caiu mais de 70% e, ainda assim, 2022 continua sendo apontado como o segundo ano mais movimentado da história para as fintechs. A América Latina tem sete novos unicórnios fintech nas áreas de seguros, pagamentos e bancos, e mais fintechs lançaram produtos e fizeram parcerias para aumentar as ofertas em um segmentos econômico importantíssimo: as PMEs.¹
No entanto, as sub-regiões responderam de forma diferente às nuances e circunstâncias distintas dos mercados locais. No Brasil, por exemplo, que está se tornando rapidamente o país mais avançado da América Latina em termos de conhecimento tecnológico e que tem mais contas digitais do que habitantes, vimos uma desaceleração significativa no financiamento e nos negócios gerais em boa parte de 2022. O México, que teria sido o segundo mercado em crescimento de fintechs na região, ficou significativamente atrás em termos de inclusão financeira no ano passado – quase todas as transações abaixo de 500 pesos ainda foram realizadas em dinheiro, diz um estudo recente da CB Insights e da Visa. Apesar disso, seu mercado de remessas se manteve sólido e as fintechs de gestão de despesas e soluções para PMEs continuaram se popularizando. Na região andina, houve um aumento significativo nos níveis de atividade e o financiamento permaneceu forte, impulsionado por novas startups sediadas na Colômbia e que operam principalmente com serviços bancários e pagamentos para PMEs. Na América Central e no Caribe, vemos um forte impulso em torno das fintechs de blockchain à medida que a área vai se posicionando como um hub global de blockchain.
Não podemos saber ao certo o que este ano nos reserva, mas as previsões apontam para uma lenta estabilização após a volatilidade do ano passado. Além disso, outros fatores apontam uma tendência para cima, como as finanças integradas. A expectativa é de aumento na integração dos produtos e serviços financeiros nas plataformas, habilitando funcionalidades financeiras rápidas, convenientes e seguras e impulsionando o crescimento de longo prazo da categoria. É definitivamente um momento emocionante para estar no jogo e nós, da Visa, estamos cheios de energia e comprometidos a continuar a explorando e transformando em realidade ideias e soluções que podem ajudar nossas parceiras do setor fintech e outros parceiros inovadores a crescer, promovendo a prosperidade de mais pessoas, em mais lugares.