Novas maneiras de pagar na próxima década exigem novas maneiras de proteger os pagamentos
A poucos dias do fim da década, parece oportuno refletirmos sobre as mudanças ocorridas no mundo – desde a maneira como consumimos mídia e a onipresença dos smartphones, até o aumento no volume de dados –, com as quais vieram oportunidades para a criação de experiências mais personalizadas e fluidas ao consumidor, além de desafios relacionados à escala e frequência das ameaças cibernéticas e brechas de segurança.
Vimos avanços significativos na pontuação de risco usada para prevenir fraude, na criptografia e nas especificações da indústria para proteger as novas formas de pagar e os bilhões de transações realizadas pelos consumidores. Para o próximo ano, os pagamentos digitais continuarão se expandindo e criando desafios e oportunidades no mundo inteiro. A seguir, cinco previsões que devemos ter em mente ao entrarmos na nova década.
As violações de dados vão forçar a adoção de métodos de segurança mais inteligentes e dinâmicos de proteção de dados e gestão de fraudes
As manchetes sobre violações de dados parecem não ter fim. A melhor defesa é ver sua organização como um alvo e tomar medidas proativas para impedir que ela seja a próxima vítima ou que dados roubados sejam usados em seus sistemas. Acredito que veremos um aumento significativo na adoção de tokens de pagamento e da última versão da especificação EMV® 3-D Secure em todo o mundo. Os tokens de pagamento ajudam a tornar as transações mais seguras. Eliminam a transferência de informações confidenciais nos pagamentos de e-commerce e móveis e podem oferecer uma experiência de pagamento digital segura e sem inconvenientes. Com a última versão da especificação 3-D Secure, os estabelecimentos comerciais e emissores conseguem trocar uma quantidade dez vezes maior de dados contextuais em tempo real para melhorar as tomadas de decisão e a gestão de fraude nos canais digitais e, em paralelo, otimizar as vendas.
Estabelecimentos comerciais e instituições emissoras usarão identidades digitais para oferecer uma experiência melhor ao cliente e maximizar as vendas
Quando se trata de pagamento online, abordagens tradicionais como senhas estáticas e credenciais de pagamento inseridas manualmente a cada compra aumentam a segurança nos canais digitais. Por sorte, as identidades digitais existem para tornar os pagamentos realizados por computadores, dispositivos móveis, aplicativos, vestíveis e dispositivos IoT do futuro mais rápidos, fáceis e seguros. Embora as ameaças de fraude continuem existindo, as identidades digitais podem acabar com o uso de senhas, permitindo que o consumidor adote métodos de autenticação mais seguros, como reconhecimento facial, de impressão digital e voz.
Os consumidores europeus começarão a usar o Strong Customer Authentication (SCA), requisitos da União Europeia para múltiplas camadas de verificação da identidade do consumidor em transações digitais. À medida que milhares e milhares de instituições emissoras e estabelecimentos comerciais forem atendendo esses requisitos na Europa, as empresas globais poderão considerar a possibilidade de levar as soluções de autenticação mais inovadoras a outros mercados.
Os consumidores do mundo inteiro estão exigindo mais agilidade e os estabelecimentos comerciais e emissores precisarão responder com maneiras mais rápidas e seguras de pagar. Esse é um dos motivos pelos quais a Visa está explorando uma série de inovações nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, incluindo autenticação de pagamentos por biometria, vestíveis e novos aplicativos móveis, como cartões com emissão digital.
Os Real-Time Payments (RTP ou pagamentos em tempo real) exigirão uma nova estratégia de prevenção de fraude
Assim como os consumidores, as empresas também querem pagar com agilidade e conveniência, e os pagamentos instantâneos chegam para criar disrupção nos pagamentos via transferência bancária e cheque. Mas não se pode sacrificar a segurança em prol de agilidade e conveniência. Com o aumento nos volumes de pagamento nas redes RTP e aplicativos P2P (de pessoa a pessoa), as vulnerabilidades previstas e imprevistas dos sistemas deverão ser tratadas com tanta rapidez – ou até mais rápido – que os próprios pagamentos. Provedores de RTP e emissores precisarão mudar sua forma de pensar e, muito provavelmente, colaborar com outras empresas de segurança de pagamento confiáveis para solucionar esse desafio.
Uso de Inteligência artificial (I.A.) na batalha do bem contra o mal
Ligado à democratização da informática através dos computadores pessoais, o crescente uso de I.A. continuará impulsionando novos produtos e serviços de pagamento e impactando significativamente a sociedade. Mas a I.A. também trará desafios imensos, uma vez que pode ser usada por agentes de ameaça. A história mostra que boas intenções podem ser manipuladas por indivíduos e grupos nefastos. Por exemplo, a Internet se dividiu em surface web, dark web e deep web; e a mídia social é usada para muito mais do que seu propósito original de conectar amigos e familiares. O desafio da I.A. nos próximos anos exigirá um esforço coletivo de todas as indústrias para limitar o lado mais escuro da tecnologia e garantir que ela seja usada para proporcionar oportunidades e melhorias à sociedade.
Os usuários continuarão sendo o elo menos forte
O ser humano costuma ser o elo menos forte, algo que a tecnologia vem tentando resolver há muito tempo, seja com o corretor ortográfico de processadores de texto e programas de e-mail ou os freios automáticos presentes em alguns carros atuais. Os avanços na segurança dos pagamentos vão continuar ajudando a diminuir as fraudes, exatamente como o chip EMV® fez com as fraudes por falsificação; porém, a tecnologia não pode fazer tudo, pois ainda precisa ser implementada por pessoas – e pessoas cometem erros. A engenharia social continua evoluindo e tem por alvo os incautos e desprevenidos. Basta uma pessoa ser atacada para que uma organização ou rede inteira fique em risco. A engenharia social funciona e vai continuar existindo. Precisamos empoderar os usuários com informações e ferramentas, pois eles costumam ser a primeira linha de defesa.
Pessoas, empresas e instituições prosperam quando o progresso encontra poucas barreiras e a confiança é alta. Para mantermos essa confiança, precisamos impulsionar a inovação e oferecer opções, redobrando nosso compromisso com a segurança. Nunca houve um momento mais propício para ajudarmos a liderar e a transformar a segurança dos pagamentos – a transformação pode ser uma catalisadora de crescimento. Usando as lições aprendidas nos últimos anos, podemos solucionar desafios futuros e capitalizar as oportunidades nascidas de uma sociedade cada vez mais digital.