O poder das redes II – A evolução das redes descomplica o nosso dia a dia

São Paulo, novembro de 2022 – No artigo anterior abordei a importância do efeito de rede, especialmente no mundo atual. Agora, vou aprofundar o assunto com o conceito de “rede das redes”, que permeia a nossa estratégia como companhia.

Quando as redes se conectam entre si, formam plataformas multilaterais que proporcionam interações diretas entre dois ou mais grupos de agentes. Ao estabelecer essas interações, intermediando e agilizando as transações entre esses grupos, a plataforma gera valor para todos e o efeito de rede se amplifica. Quando diferentes plataformas se interconectam, as possibilidades crescem exponencialmente: é a base do conceito de “rede das redes”.

Em um passado não muito distante, a indústria de meios de pagamento estava organizada de uma maneira em que, praticamente, cada rede tinha a sua própria “maquininha”. A loja era obrigada, então, a ter mais de uma máquina, uma solução dispendiosa e bem pouco eficiente. As diferentes plataformas não estavam conectadas entre si, o que só começou a acontecer quando uma mesma máquina passou a receber credenciais (cartões) de diferentes redes, descomplicando a vida dos lojistas e dos consumidores.

Esse é o valor da interoperabilidade, característica fundamental para o conceito de “rede das redes”, pois a transacionalidade deve ser fluida independente da rede utilizada. Por exemplo, um consumidor tem um cartão de crédito de uma rede local, do interior do Brasil, um cartão muito relevante porque pertence ao principal varejista da região, onde ele faz a maioria das suas compras. O consumidor poderia assinar um serviço de streaming para assistir a séries e filmes com esse cartão? Com a “rede das redes” isso se torna possível. Como? Através de uma associação com esse player local, uma rede com o escopo da Visa pode aplicar tecnologia na credencial dele para que esta passe a ser aceita nesses serviços, em qualquer parte do mundo (físico ou virtual). A transação começa em uma rede e termina em outra o que, novamente, amplifica o efeito e traz grandes eficiências. O player local deixa de ser visto como concorrente e se torna parceiro, em um jogo em que todos ganham, principalmente os consumidores.

O conceito de “rede das redes” também chegou ao transporte público, setor em que os meios de pagamento estão se diversificando. No Rio de Janeiro, por exemplo, é possível pagar uma passagem de ônibus ou de metrô com cartões dotados de tecnologia de pagamentos por aproximação. Um turista de qualquer lugar do mundo pode usar, facilmente, um meio de transporte público se tiver um cartão com essa tecnologia. Antes, teria de comprar um “bilhete” ou carregar um cartão próprio dessa operadora, que não serviria para outras transações – e, desta forma, o montante aí depositado não seria “líquido” (dinheiro parado não traz vantagens). Aliás, a “rede das redes”, além de fluidez, agrega liquidez aos meios de pagamento, como demonstrado nesse exemplo.

Vivemos um momento de mudanças. Novas soluções e hábitos de consumo surgem a cada dia, enquanto a indústria de pagamentos está mudando rapidamente com a entrada de startups e fintechs e de novas tecnologias de movimentação de dinheiro. Uma nova era está começando. Por estas razões, as empresas devem mudar a mentalidade, passando a pensar e atuar como redes abertas. Não só em relação às redes de pagamento, mas como redes de relacionamento, de parceria, de conexões, que permitem novas oportunidades de crescimento e de ganho para todos. A “rede das redes” pode fazer muito mais pelo consumidor e pelos estabelecimentos comerciais. A imaginação é o limite. No próximo artigo falarei dos desafios da “rede das redes” e do potencial que ela tem de transformar nosso futuro.