Sabe-se bem que o setor de Viagens e Turismo tem um peso gigantesco na economia global e é um dos motores de crescimento mais importantes do mundo.
O crescimento quase que ininterrupto desse setor atingiu novos patamares em 2019, respondendo por 1 em 4 dos novos empregos criados no mundo, 10% do PIB global e mais de 320 milhões de empregos em nível mundial, superando o crescimento da economia global por oito anos consecutivos. Entretanto, a pandemia praticamente paralisou as viagens internacionais.
Felizmente, após dois anos difíceis, nossos dados mais recentes apontam para uma forte recuperação do setor de Viagens e Turismo. Em 2022, ele se recuperou de forma contínua e acelerada e esse é um caminho sem volta. Portanto, vale a pena analisar alguns números que mostram o alcance da recuperação e delineiam as previsões de crescimento do setor para os próximos anos.
Segundo o Global Travel Insight da Visa para o terceiro trimestre de 2022, os viajantes globais superaram rapidamente a pandemia. Em 2022, as chegadas internacionais devem totalizar 850-900 milhões até o final do ano, o que representa 75 a 80% dos níveis de 2019 . De junho a agosto (o pico da temporada global de viagens que coincide com o verão no hemisfério norte), as chegadas dos visitantes caíram só 8% em relação a 2019 e, tirando as viagens de e para a Ásia Pacífico, essas chegadas hoje superam em 18% os níveis de 2019. Nossa previsão é que, em 2023, as chegadas de visitantes internacionais ficarão próximas de 90 a 95% dos níveis de 2019. A recente suspensão das restrições sanitárias nas fronteiras, especialmente na Ásia, deve ajudar a trazer a recuperação total.
Mas os turistas não são os únicos a cruzar fronteiras. Apesar da ausência dos compradores da Ásia Pacífico, o turismo de varejo também viveu uma recuperação impressionante. Entre junho e agosto de 2022, os gastos no varejo internacional — compras em lojas e comércios — pagos por consumidores com credenciais Visa ficaram 13% acima dos do mesmo período de 2019. Os gastos dos turistas internacionais em outras categorias (hotéis, restaurantes, entretenimento) se recuperaram mais rápido do que os gastos no varejo, registrando um aumento de 27% em relação ao mesmo período em 2019.
É importante notar também que a recuperação das viagens internacionais de lazer pode estar preparando o caminho para uma potencial retomada das viagens de negócio. Áreas que antes da pandemia atraíam predominantemente viajantes de negócio não ficaram muito atrás de destinos com mais vocação para o lazer.
Dos 700 destinos analisados pela equipe de Visa Business and Economic Insights na plataforma Visa International Travel (VISIT), pouco mais de um quarto foram classificados como destinos de negócio. E os resultados são promissores: no primeiro semestre de 2022, 43% dos destinos de negócio já registravam o mesmo volume de chegadas de visitantes que no primeiro semestre de 2019. Alguns dos destinos de negócio totalmente recuperados na América Latina são Medellín (Colômbia) e Guadalajara e Hermosillo no México. Entre os destinos de lazer da região, 51% retornaram totalmente aos níveis de 2019, incluindo Cancun (México), Punta Cana (República Dominicana) e Cartagena (Colômbia)
O recém-lançado Relatório de Impacto Econômico das Cidades do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), patrocinado pela Visa, também mostra que a recuperação das cidades globais caminha bem.
O relatório, que analisou 82 cidades-destino no mundo, revelou que em dez das 82 cidades pesquisadas, a contribuição do setor de viagens e turismo para o PIB deve exceder os níveis de 2019. A previsão é que, em 2022, as cidades com a maior contribuição direta do setor para o PIB sejam Paris (US$ 36 bilhões), Pequim (US$ 33 bilhões) e Orlando (US$ 31 bilhões). Além disso, espera-se que o empregos diretos gerados pelo setor de viagens e turismo retornem aos níveis de 2019 em onze cidades, entre as quais, o Rio de Janeiro (+18%).
O WTTC prevê ainda que, até 2032, o setor de Viagens e Turismo vai gerar diretamente até 8% de todos os empregos nas 82 cidades analisadas. Além disso, sua contribuição para o PIB crescerá mais rápido do que a de outros setores, gerando 126 milhões de novos empregos líquidos.
O efeito Bridgerton
Agora que o mundo está se abrindo novamente, a recuperação do setor de Viagens e Turismo está por toda parte. Uma nova tendência que vem ganhando força é o impacto das séries de TV no desempenho do turismo.
É o caso da série Bridgerton lançada em dezembro de 2020 e que, em pouco tempo, se tornou uma das recordistas de audiência da Netflix. No primeiro trimestre de 2021, três meses após o lançamento da série e período em que as restrições às viagens internacionais ainda eram rígidas, Bath e Northeast Somerset (onde Bridgerton foi filmada) recuperou cerca de 8,3% do número de chegadas de turistas registrado no primeiro trimestre de 2019, segundo os dados centrados na Visa . Os padrões de dados sugerem que Bridgerton provavelmente contribuiu para a recuperação do turismo dessas cidades. As tendências de viagem de visitantes internacionais ao Reino Unido por país de origem também revelam insights dignos de nota. Por exemplo, para turistas do Catar no Reino Unido, a participação de Bath e Northeast Somerset no número total de transações relacionadas a viagens aumentou de 4% do total no primeiro trimestre de 2019 para 14% no primeiro trimestre de 2021.
Tendo em vista o surgimento de múltiplas plataformas de streaming, a tendência é que a influência de filmes e séries de TV nas decisões de viagem do consumidor cresça e contribua para a recuperação.
As tendências de dados registradas nos primeiros nove meses de 2022 vêm preparando o terreno para um amplo avanço no crescimento global do setor de Viagens e Turismo. Na próxima década, as viagens e turismo globais voltarão a ser um importante propulsor do crescimento econômico e, com o aumento das viagens de lazer e negócio, as perspectivas para a total recuperação das viagens globais são excelentes.